quinta-feira, 16 de setembro de 2010

REIS MORTOS NÃO PODEM VOLTAR

                                   





                                




                                 REIS MORTOS NÃO PODEM VOLTAR


Na masmorra da inquisição-1585



Ariadna estava fraca. Sentia chegar pela pequena janela gradeada de sua prisão os primeiros raios de sol que vinham da parte central da abóbada. Tentou levantar, mas as correntes estavam presas aos anéis de ferro em seu calcanhar e aos punhos. Eles sangravam. Tentou se acalmar. Ficou em silêncio. Procurou lembrar imagens do passado. Lembrou das florestas da sua terra natal. Das oliveiras, das flores das amendoeiras. Foi se acalmando. Na sua mente surgiram palavras em forma de oração;


Todos os que me vêem zombam de mim. Afrouxam os lábios e meneiam a cabeça. Confiou no seu senhor?


A luz entrou mais forte pela pequena janela iluminando, o seu corpo. A oração falava internamente.


Contudo, tu és que me preservaste, estando eu ainda no vente da minha mãe. A ti me entreguei desde o meu nascimento.


Tu és o meu Deus. Não te distancies de mim, porque a tribulação esta próxima, e não há quem me acuda.


As lagrimas escorreram dos seus olhos


Como cães me cercam. Uma súcia de malfeitores me rodeia.


Traspassaram as minhas mãos e os pés.


Repartem entre si as minhas vestes e sobre o meu manto negro deitam sortes. Senhor não te afaste de mim


Força minha, apressa - te a me socorrer.


Oh!Meu único amor.


Vem, mostra a tua presença, a tua face.


O silêncio é quebrado com o barulho da chave abrindo a pesada porta. Entra o SANTO INQUIDOR para começar o trabalho investigatório de Ariadne Rose de Mary. A olha com arrogância. Diz para que os seus funcionários:


-Afastem-se! Quero falar com essa mulher!






O SANTO INQUISIDOR






Majestade esqueceu a tua bela coroa no reino de teu pai? Ou deixou no colo do teu amor nos pés da cruz?


Falou sarcasticamente o inquisidor.


- Esse é o termo adequado para uma virgem ou a mulher perdida de um Rei?Será que devo chamá-la de bruxa, adúltera, ou cadela prostituta de Cristo? Quem neste mundo acreditaria que ele teve mulher?


Ó PAI perdoa a gentalha que não entende nada! Mas façamos de conta que sou teu anjo protetor e vim para lembrá-la que: quando os reis adormecem podem se acorrentados pelos inimigos nos degraus do trono e acordam tragicamente traídos ou fatalmente crucificados, degolados ou queimados. Que audácia a tua de voltar para nós em um momento tão impróprio para nós os romanistas! Por acaso, queres por abaixo as pedras dos alicerces que levaram séculos para serem construídos das catedrais da fé?Agora essa guerra novamente, pondo em risco o nosso poder e riqueza. Nós os filhos de Deus somos caçadores de gente como você. Feras indomáveis!


Majestade é a mais magnânima de todas as monarcas! Por que persistir em erros de origens tão fundamentais? Pelo sim pelo não, que se mantenha a dúvida para essa gentalha infeliz. Na ausência do rei condena-se a rainha. Não e assim? O seu acusador e implacável. Prometeu até uma boa parte das suas riquezas para condená-la em nome da fé. Uma boa parte de suas riquezas para o engrandecimento da nossa fé. Entenda a minha situação. Reis mortos não podem voltar para a vida nem para o trono. Ariadna levantou os olhos e disse:


As vossas riquezas e valores estão podres e corruptas, o vosso ouro que acumulastes há de ser por testemunho contra vos mesmo e há de devorar, com o próprio fogo, as vossas carnes. Tendem todos engordados vossos corações, apenas na falsidade e na matança de inocentes. Tendes condenado o justo, sem que vos faca resistência e o dia do justo chegara para vocês. Nesta masmorra tenho pensado na vida e na morte. A vida é uma coisa certa e natural quando fundamentada a seguir o caminho que lhe é própria. Os senhores que se intitulam soberanos da verdade absoluta fazem da morte não uma coisa abstrata. Ela tem forma, tem corpo, tem seus representantes, tem nomes. Os senhores são os carrascos da vida!


-Pobre majestade maltrapilha pela pobreza de discernimento e de escolha. Não sei se terás tempo para o arrependimento quando o teu fim chegar. Majestade onde esta a roupa da mulher vestida como sol e com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça? Vamos beba desta taca!


-Desta taca eu já bebi. O que me custa tomá-la Novamente?






O SANTO INQUIDOR






-Prepara-te! O teu sonho de voltar será teu ultimo pesadelo imbecil!


Carrascos vamos começar os exames. Solte-a de suas correntes e tragam-na para a mesa. Tirem à roupa da acusada. Ariadna resiste, mas logo toma uma porrada debaixo do queixo e cai sobre o livro do inquisidor – malleus maleficarum. Estava escrito:


Elas trazem sempre a marca da sua aliança e esta e na maioria das vezes é indolor. E ainda: As bruxas nunca admitem a verdade, dizem que são inocentes e que todo tipo de acusação sobre elas é mentira.


-Levante essa mulher. Disse o inquisidor, para o carrasco. Ariadna foi suspensa e arrastada até a mesa de mármore para ser examinada. Seus pés e mãos sangravam.


--Ajudante escrivão, comece a fazer as anotações iniciais do processo. Vejam em seu ombro a marca em forma de um pentágono. A estrela de cinco pontas no ombro esquerdo.


O inquisidor passou o estilete na marca e perguntou:


-Sente alguma dor nestes pontos?


Ariadna balbuciou estava fraca e tonta.


-Sente alguma dor?O teu silencio não te livrará da verdade.


O inquisidor perguntou:


-O que significam essas marcas? No seu braço esquerdo no punho tem os números cruzados em x, oito e quatro, cinco e dois.


-. Esses números simbolizam o envolvimento, as alianças eternas dos magos. No processo serão provas irrefutáveis contra acusada. Esta mulher foi selada! Levem-na para o tanque de imersão. Estava se sentindo fraca. Seu corpo suava. Implorou por um pouco de água. O carrasco foi à mesa onde estavam os seus instrumentais de tortura e trouxe um copo. Ariadna bebeu de um gole. Sentiu o gosto amargo de vinagre e sal. Seu estomago revirou. Vomitou. O inquisidor perguntou:


—Você quer água mulher?Vou saciar tua sede. Fez um sinal para o carrasco que a levantou por uma corda na roldana e abaixou bruscamente seu corpo de cabeça para baixo no tanque de imersão. Ficou sem respirar. Engoliu água. Foi suspensa novamente.


-Quem são seus cúmplices?


Estava completamente tonta Já não enxergava direito. Vomitou. O inquisidor;


—Onde está o mago e o livro? Ela ficou em silêncio.


-Senhor posso continuar um pouquinho mais com a tortura? Perguntou o carrasco.


- Cale-se, carrasco!Traga-me um cálice do meu vinho Arbitriun. Estou morrendo de sede.


Mulher colabore para eu possa provar com misericórdia e justiça que você não é a VERDADE.

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