domingo, 12 de setembro de 2010

O MAQUI DA GRUTA DA BEIRA DO LAGO




 
O MAQUI
DA GRUTA DA BEIRA DO LAGO


RESISTÊNCIA FRANCESA

A missão estava sendo bem sucedida. Era hora de bater em retirada. Os ataques aos inimigos tinham que ser rápidos e causar estragos e baixas já que a resistência contava com poucos camaradas. Dois amigos tinham  sido friamente eliminados por um soldados nazista.Jean Anael se embrenha pela floresta. Corre para o caminho da gruta da Beira do Lago que tinha visto em uma das suas caminhadas de reconhecimento.Lugar ideal para um maqui  se esconder dos adversários. Derrepente vários clarões e tiros de metralhadoras. As balas dos adversários o cercavam. As granadas caiam ao seu redor, porém nada tinha o poder de atingi-lo. Jean sentiu que algo o protegia.Tentou gritar por socorro.. A palavra ficou presa à garganta A Gruta da Beira do Lago estava a pouco metros. Era a sua salvação. Novos clarões dos tiros das metralhadoras varreram com suas balas ao redor causando estragos nas folhagens. Uma força tomou conta dele. Lembrou do salmo que lia para o filho na hora de dormir;

O senhor é a minha salvação;

De quem terei medo?

Ainda que um exército

Se acampe contra mim não se atemorizará

O meu coração;

Ouve Senhor, a minha voz

Não me escondas a tua face;

O grito? Sim o grito! Ainda estava preso a garganta. Até que a PALAVRA se manifestou. ..
Meu Deus, salve-me!
EU SOU teu melhor amigo!
Diante de Jean Anael surge por traz de uma árvore um vulto negro.
-Senhor, salve-me!
O soldado nazista respondeu com vários disparos. Jean cai atingido pelo adversário. Na sua mente escuta a PALAVRA...

Tu és o meu auxílio,
Não me recuses
Nem me desampare.
Ó Deus da minha salvação.

Acordou na madrugada dentro de uma cova aberta. No entanto vivo! Depois chorou e adormeceu de dor. Veio o novo dia. Jean estava sem forças. Seus ferimentos precisavam ser tratados para não morrer naquele cova. Anoiteceu. Ouviu pisada firmes e compassadas com o seu coração. Emitia algo de suave, como se nem a morte que estava à ronda alteravam a determinação daqueles passos.
A sua cabeça não poderia suspeitar quem realmente se aproximava dele.Percebeu na estranha claridade a imagem de um homem com vestes simples de camponês. Abaixou até Jean.Olhou para ele e disse sorrindo:
-Depois de tanto tempo rapaz, finalmente me encontrou? Fique tranquilo está oculto dos olhos dos adversários.
-De onde vem SENHOR?
- Da  Judéia.
-- Podes ver todo o ataque?
- Sim! Foi terrível!Estava junto a ti no momento em que correu para a gruta da beira do lago.
- Podes ver tudo mesmo?
- Sim... tudo!
-Fui surpreendido pelo soldado que fez vários disparos sobre mim.Por milagre, atingiram somente as minhas pernas? Eu não acredito em milagres e sim que o maldito tinha mesmo uma péssima pontaria.
- Naquele instante estava um pouquinho a sua frente.
Respondeu o homem.
-Quanto à pontaria... acho que sei por que ele não te acertou .Mas isso não importa. Venha comigo. Vou levá-lo a gruta da beira do lago para tratar suas feridas.
Ele inclinou-se, e colocou-o nos braços e o levou para o lago. Sua visão escureceu e desmaiou. Quando recobrou a consciência estava na gruta. O camponês lavava os ferimentos. Perguntou para Jean.
- Acordou meu filho?
- Que sono profundo. É bom estar desperto! Consegue lembrar seu verdadeiro nome?Sente muitas dores em suas feridas?
- Senhor sentia nos ferimentos dores insuportáveis!Confesso com alegria e espanto, que não sinto dor alguma. Nem das que senti a vida inteira. Não posso explicá-lo, contudo a felicidade desse momento.Meu nome é Jean Anael di santa Ana!
Cada vez que lavava os ferimentos parecia retirar não só a terra misturada com sangue mais libertava outras dores de sua vida. Por fim adormeceu. Quando acordou se levantou e saiu da gruta a procura do camponês para agradecê-lo. Olhou e o viu na beira do lago em silencio.
Para seu espanto o camponês estava ferido. Das Suas mãos postas em oração escorriam gotas de sangue.
--Meu Deus, O SENHOR também está ferido? E não é só um mais têm vários ferimentos pelo corpo.
--São feridas tão antigas que já não me maltratam. Na vida quem não as tem?
-Durma na Gruta da beira do lago para recuperar as suas forças..
-Senhor, agradeço por salvar-me e curar minhas feridas.
-Bem, vou partir. Não vá se sentir abandonado. Olhe vou deixar contigo uma peça preciosa. Um dia voltarei para buscá-la. Ela está envolvida em uma bata de linho branco lá na gruta. Use-a no momento preciso e com sabedoria.
Estendeu as mãos feridas para se despedir. Ao pega-las Jean Anael percebeu que o conhecia.
Adormeceu. No outro dia ao acordar estava deitado debaixo de uma árvore. Levantou-se e foi à procura da gruta da beira do lago e não encontrou mas o senhor.
-Ana ! Corra até aqui!
Ana corre para abraçá-lo.
O poeta Jean Anael di Santa Ana estava salvo!
Depois fala que não é um mago!Acrescentou sorrindo Ana.
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 OS MAQUIS
A guerra psicológica. Paralelamente com a ação bélica ativa, os homens da Resistência levaram a cabo uma intensa ação psicológica. Foi denominada pelo comando “Ação Especial IV” e consistiu em ataques ao moral do inimigo. Uma dessas ações foi realizada no dia 1o de maio. Nesse dia, as fábricas e oficinas receberam comunicações especiais do comando alemão, determinando que as atividades devessem ser paralisadas por 24 horas. As ordens foram emitidas em papel que ostentava o emblema do Departamento de Trabalho alemão e estavam redigidas em impecável estilo alemão. Os comunicados foram enviados à última hora, um dia antes, impossibilitando o comando alemão de descobrir a tempo o truque. Conseqüentemente, apesar da intensa campanha que os alemães fizeram na noite anterior, utilizando alto-falantes e outros meios de difusão, no dia 1o de maio, as oficinas e as fábricas, em sua maioria, permaneceram praticamente desertas. Um dia fora perdido para a produção. Milhares de horas de trabalho, irrecuperáveis, haviam sido ganhas pelos homens da Resistência, sem disparar nem um só tiro, nem perder um só homem. Em outra ocasião, todos os residentes alemães de Varsóvia receberam uma comunicação em papel oficial do Partido Nazista. Na nota, eram informados que deviam estar, em determinada hora, na sede do Partido, levando consigo certos alimentos que seriam meticulosamente consignados. A conseqüência imediata da ordem foi uma reunião maciça de residentes alemães na sede do Partido. Paralelamente, centenas de alemães tiveram que abandonar suas ocupações habituais para obedecer à convocação. Por outro lado, as autoridades alemãs, prevendo a possibilidade de infiltração de elementos guerrilheiros entre os alemães, ordenaram que todos os presentes, em número de vários milhares, fossem minuciosamente registrados. Em resumo, tempo perdido, trabalho não realizado e mobilização totalmente inútil de efetivos alemães.
“Foi para os maquis”
- O que aconteceu com fulano?
- Foi para os maquis…
Após a ocupação do território da França pelos alemães, essa troca de palavras era freqüente nos povoados e cidades. Homens, jovens geralmente, dialogavam em segredo rapidamente. O tema, quase sempre, era o antigo amigo que… “foi para os maquis”… Isso significava abandonar o lar e a família, desaparecer legalmente da vida, aceitar as mil penúrias da vida errante, bastar-se a si mesmo, lutar até a última gota de sangue e talvez morrer nas mãos das tropas de ocupação ou frente a um pelotão de fuzilamento. Na França, os maquis se ocultavam, preferencialmente, nas zonas montanhosas ou em bosques. Os grupos eram integrados por um número de homens que oscilava entre dez e duzentos. Raramente mais. Estreitamente unidos entre si, pelo sentido da sua luta e, também, por uma disciplina severíssima, esses homens afrontavam todos os perigos da guerra, sem contar, paralelamente, com as roupas, as armas e os víveres que normalmente abastecem o exército regular; além disso, os homens sabiam que deveriam lutar sem a proteção das leis internacionais e convênios que dão aos soldados regulares a possibilidade de salvar a vida, após a captura. Ser maqui era segundo as palavras de jornal clandestino que circulava na França em meados de 1943: “… incorporar-se solenemente ao exército da Resistência, decidir-se a arriscar a vida pela salvação do país, sofrer na espera da luta pela libertação.” “Ser maqui é dormir no chão duro, não comer todos os dias, aceitar uma disciplina de ferro. Ser maqui é não sair mais. Relutante, reflita bem antes de partir, pesam tuas responsabilidades, nós conhecemos as nossas. Se vieres conosco, serás acolhido como um irmão encontrará entre nós um ideal maravilhoso, digno dos verdadeiros combatentes: o de morrer na defesa da pátria”.

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