quarta-feira, 29 de setembro de 2010

EM ALGUM LUGAR DO PRESENTE










                                EM ALGUM LUGAR DO PRESENTE



Sem dúvida era uma noite que estava escrita no livro de Santa Ana.


Dizem que os momentos marcantes de amor são gravados para sempre na alma imortal.
EM ALGUM LUGAR...


Ela estava preparada para ver o que poderia acontecer de especial. A lua cheia começa a surgir na linha do horizonte. Ouvia-se o barulho das ondas batendo nas pedras e se jogando na areia suavemente. As estrelas brilhavam como testemunhas dos fatos. Maria  Menida foi para o quarto de banho. Encheu a banheira. Colocou sais de rosas do campo. O aromas inebriante a fez já nua mergulhar na água morna. Pegou o frasco de óleo de amêndoa e passou lentamente nas pernas, no ventre e por fim nos seios. Respirou fundo para encher os pulmões. Pegou o livro do MAGO DE SANTA ANA que ela tinha comprado na noite de autógrafos de um autor desconhecido. Olhou a capa. Tinha algo de conhecido na mulher de véu negro. Não sabia dizer o que. Não iria ler agora.Colocou o livro sobre o apoiador. Pegou mais óleo. Passou nos seios pensativa..... Aquele livro devia ser interessante. Apanhou e abriu:




Florença, 1482




Meu querido ....Jean Anael di Santa Ana
Creio que Deus nos deu capacidade de senti-lo para acreditar na esperança de outras vidas futuras para provar que depois de tudo que vivemos em uma vida não seremos mergulhados no absurdo inconcebível do nada.
Espero vencer contigo as etapas da nossa transfiguração. Este corpo que nos foi dado não passa de um envoltório da alma que ao cessar de viver por um tempo desperta para aprender outros ensinamentos e  reencontrar os que se ligaram pelos laços indissolúveis do amor. Permita meu Deus, que estas palavras aqui escritas, juntamente com estes desenhos e quadros alguns feitos pelo amigo Sandro Felipe Borticelli, percorram séculos para que um dia nossos anjos-guias e mensageiros possam nos fazer ler, ver e ouvir as vozes que se procuram como prova de uma eterna afeição. Quando estivermos de volta mostra
esses sinais para que possamos percorrer se necessário os mais difíceis labirintos. Nessa hora retira dos meus olhos o véu negro que me impeça de reconhecer o olhar do meu amor, de relembrar suas
caricias e dos seus beijos. Neste sagrado reencontro quero sentir como selo entre os meus seios
nossa  rosa vermelha para mostrar que estou novamente ao seu lado. Que posso vê-lo e ouvi-lo como outrora tocando em seu violino a nossa sonata por inteira.
Provará ao meu coração, que não me esquece da mesma maneira que eu não o esqueço.
Espero que se ao lê esta carta as nossas almas sintam a vibração inevitável do nosso reencontro.


Esta é a minha oração.


Com todo meu amor e afeto uma rosa.


Ad eternun


Maria Menida


Maria fechou o livro e o colocou no aparador. Relaxou o seu corpo. Fechou os olhos. Os pensamentos começam a surgir. Viajando para um lugar soterrado e esquecido da alma. A sonata do violino entra pela
janela com os raios do luar. Vibra  em seus ouvidos como um chamado. Vibra dentro dela como cordas, onde ela era a canção. Maria se vê na floresta. Sente um aroma forte de rosas. Segue um clarão que
dava para o lago. O vê ao longe tocando no violino a sua sonata. O seu coração bate!Começa a correr para o reencontro. Ela vê passar o tempo, os séculos, as suas vidas. Vai lembrando aos poucos tudo que já tinha
vivido. Começa a lembrar as palavras da carta. Ela o vê nas margens do lago tocando para ela a sua canção. Corre para abraçar o amor de todas as suas vidas! Podia sentir a chama do fogo que os iluminavam. Os dois se beijam selando com os corpos o que as suas almas já tinham feito!As .flores da amendoeira caiam sobre eles. Maria acorda! Um vento sul forte abre a janela e derruba no chão xadrez em branco e preto o vaso de rosas.


-Não, não pode ser um sonho!Agora sei quem EU SOU! EU SOU aquela sempre te amou. A porta de saída se abre com o vento. Ela se levanta coloca o seu roupão e vai à janela. Lá estava à lua cheia nascendo. Sai para o jardim à espera do noivo perdido. O tempo passa. O sino da igreja de Santa Ana badala anunciando as batida de um coração.
-Não! Foi tudo um sonho!! Reclama ela e começa a voltar para casa quando escuta o trotar de cavalos com uma carruagem. Um jovem de azul desce e fala para ela:


-Saiba que a tua oração foi atendida porque creste.Muitas  mulheres ficaram no meio do caminho porque duvidaram  do seu próprio amor. O amor não floresce em corações sem fé! Esses estão fadados a paixão e a solidão da escuridão da morte. Os que amam na verdade vivem na eternidade da luz! Lembra as nossas obras para essa união. Não desprezaste nenhuma! Nós os anjos nos curvamos diante da fé e da esperança e do amor!É o principio e a nossa lei divina.
Era Raphael ,o seu anjo-guia.


-Venha! O amor não respeita fronteira nem tempo! Entre vou levá-la até o seu Mago! A felicidade do amor eterno não é para o descrente nem para os covardes em Cristo! Almas que se amam são incondicionais. Falam o vocabulário dos que sentem e não os dos ricos cegos do conhecimento humano. A tua história vem de outras vidas... A vida da chama que arde mais não queima!! Nesse o tempo o amor vale ouro! Vamos ao seu encontro!


A carruagem parte...
O amor queima a terra e queima a alma e o coração para levar a terra onde se encontra o próprio amor.


Texto do livro dos´´ Magos de Santa Ana´´ de Ruy Crespo Filho

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